Marquês de Pombal

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Voz

Júlio Isidro

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Localização

Praça Marquês de Pombal (Rotunda do Marquês.)

Tipologia

Conjunto escultórico monumental, formado por plinto ou base e coluna em pedra, com grupos alegóricos em pedra e remate com estátua do homenageado em bronze.

Inauguração

13 de maio de 1934, no dia em que se assinalavam 235 anos do nascimento do homenageado, com a presença do Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal (Tenente-Coronel Henrique Linhares de Lima), do Ministro das Obras Públicas (engenheiro Duarte Pacheco), do Presidente da Comissão executiva do Monumento (General Ernesto Vieira da Rocha), do General Norton de Matos (Grão-Mestre do GOL), de representantes de várias instituições (Escola Oficina, nº1, Cantina Escolar de S. Miguel, Centro Escolar Democrático de Campo de Ourique, Grémio Popular, Grémio Escolar Republicano de Alcântara, Grémio Escolar Republicano Tomaz Cabreira), de personalidades políticas e de muitos cidadãos, incluindo operários da Câmara Municipal de Lisboa

Encomenda

Câmara Municipal de Lisboa, com base em recursos próprios e recursos resultantes de subscrição pública.

Caraterização e descrição

Colocado numa posição central que ordena a grande praça e o espaço envolvente, é uma obra monumental, estruturada com uma base ou plinto em pedra, sobre a qual se ergue uma coluna, também em pedra, com cerca de 40 metros de altura. Sobre acoluna ergue-se a figura do Marquês de Pombal, acompanhada de um leão, ambos executados em bronze.

Conforme os autores do projeto referem na memória descritiva que apresentaram na condidatura ao concurso público, o monumento «visa a representar o Marquês de Pombal na sua complexa figura de genial estadista, de reformador audaciosíssimo, de emancipador da consciência e vontade nacionais, de assombroso precursor da moderna civilização… Ereto no seu pedestal de glória ….Do alto do seu posto, o genial reformador dirige e domina a grande obra de transformação mental, económica e social que se realizou sob o influxo da sua clarividência, do seu saber e da sua indómita energia».

O leão pretende representar «a secular a alma generosa e forte da nação, simbolizada por um leão que se levanta rugindo, e esmaga reação teocrática e a reacção feudal que a traziam subjugada».

A estrutura arquitetónica (base e coluna) é revestida por relevos e conjuntos escultóricos alusivos à obra do estadista e dos seus colaboradores, com destaque para as alegorias que representam a cidade de Lisboa (figura feminina) e as áreas onde a sua obra foi relevante (ensino, indústria, agricultura). O remate é composto por quatro medalhões alusivos a figuras de referência que colaboraram com o estadista (D. Luis da Cunha, Manuel da Maia, Eugénio dos Santos, Machado de Castro).

A obra foi concebida no atelier de Francisco Santos. A execução escultórica fez-se com base em maquetes e gessos.

Os trabalhos corte e preparação da pedra ficaram entregues à conceituada empresa Mármores Pardal Monteiro.

Com a morte repentina do escultor em 1930, coube aos dois colaboradores envolvidos (Simões de Almeida sobrinho e Leopoldo de Almeida) a conclusão dos trabalhos, incluindo o acompanhamento da montagem.

Embora a ideia de construção de um monumento remonte ao século XIX, o processo de concretização foi lento e atribulado.

A toponímia (Praça Marquês de Pombal) foi atribuída em 1882, no âmbito das comemorações do centenário da morte, associada à ideia de um monumento.

Depois de várias comissões promotoras e coordenadoras, só em 1911 foi lançado um primeiro concurso público para apresentação do projeto e maquete da obra.

Após sucessivas contestações dos intervenientes no concurso e da crítica social e da arte, só em 1917 se tornou definitiva a escolha do júri.

Os trabalhos de execução iniciaram-se em 12 de agosto de 1917, com a presença do Presidente da República, Bernardino Machado, mas a inauguração só ocorreu no dia 13 de maio de1934, assinalando o dia em que o Marquês de Pombal nascera.


Monumento ao Marquês de Pombal – cronologia de um longo e atribulado processo:

    1882 – Atribuição do topónimo à Praça pela Câmara Municipal de Lisboa e lançamento da primeira pedra pelo Rei D. Luis;

    1911 (19 de março) – Abertura de concurso para projeto do Monumento; apenas apresentou proposta Raul Lino, que acabaria por ser rejeitado pelo júri presidido por Alfredo da Cunha.

    1911 (26 de maio) – Novo concurso e novo júri, que atribui a seguinte classificação:

        1º - projeto intitulado “Glória progressus – delenda reatio” (arquitetos Adães Bermudes e António do Couto e escultor Francisco dos Santos];

        2º - projeto intitulado “Cuidar dos Vivos” (arquiteto Marques da Silva e escultor Alves de Sousa);

      3º - projeto intitulado “Pró memória” (escultores Maximiano Alves e Eduardo Tavares);

    1913 – Nova comissão executiva, com Magalhães Lima (presidente) e Luis Filipe da Mata;

    1914 – Analisadas as reclamações apresentadas pelo 2.º classificado, foi nomeado novo júri que selecionou, ex aequo, os projetos classificados em 1.º e 2.º lugar, excluiu o 2.º classificado por razões de estimativa do custo da obra e consagrou como vencedor o 1.º classificado;

    1917 – Após acesa polémica e confronto de opiniões na imprensa e em fóruns públicos, o júri
reconfirmou a decisão e atribui definitivamente o 1.º lugar à equipa formada pelos arquitetos Adães Bermudes e António do Couto Abreu e pelo escultor Francisco Santos;

    1917 (12 de agosto) – Início dos trabalhos com colocação simbólica de nova primeira pedra;

    1926 – Novo lançamento da primeira pedra e início das obras;

    1933 – Colocação da estátua;

    1934 (13 de maio) – inauguração do monumento

Tema / Homenageado

Sebastião José de Carvalho e Melo (Lisboa 13 de maio de1699 - Pombal 8 de maio de 1782), Conde de Oeiras e Marquês de Pombal e a sua ação de estadista como reformador do país e grande obreiro da reconstrução de Lisboa depois do terramoto de 1755 Sebastião José de Carvalho e Melo nasceu em Lisboa, no seio de uma família aristocrata. Estudou leis na Universidade de Coimbra.

A sua atividade como diplomata permitiu-lhe conhecer a realidade internacional e a emergência de novas ideias e soluções governativas inspiradas nas teorias e práticas do Iluminismo.

O rei D. João V nomeou-o embaixador de Portugal, primeiro no Reino Unido em Londres (1837) e depois junto do Sacro-Império Romano-germânico em Viena (1744), onde desempenou o cargo de 1745 a 1749 e casou com a sua segunda mulher, Leonor Ernestina de Daun, pertencente a uma família relevante da nobreza austríaca.

Em 1750, o rei D. José I designou-o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, o que marcou o início de uma carreira como estadista ligado às principais decisões políticas da governação do reino.

Em 1755, passou a tutelar a Secretaria de Estado dos Negócios do Reino com amplos poderes de decisão sobre todos os assuntos da governação, o que o configura como Primeiro Ministro do Reino.

A liderança após o terramoto de 1755 projetou-o como homem de ação e grande estratega.

Foram-lha atribuídas grandes distinções, entre as quais o título de Conde de Oeiras (1759) e o de Marquês de Pombal (1769).

Em 1777, após a morte do rei e com a sucessão de sua filha, a Rainha D.ª Maria I, foram-lhe retirados todos os cargos e poderes.

Em 1781, foi acusado de prepotência e má governação, pelo que foi afastado da capital e desterrado para a sua propriedade da Quinta da Gramela em Pombal, onde veio a falecer em 1782, ficando sepultado no Convento de Santo António de Pombal.

Em 1856, com a trasladação para a Igreja das Mercês em Lisboa, a memória do estadista foi reabilitada e a sua obra amplamente valorizada. Em 1926 passou a ter túmulo próprio na Igreja da Memória.

A obra estende-se a vários domínios da política interna e da política externa. O modelo iluminista era a sua referência, o que se traduziu numa ampla centralização, na criação de monopólios, numa gestão modernizadora e na promoção da burguesia, a sua principal base de apoio político, em detrimento setores da nobreza tradicional, alguns dos quais chegou mesmo a expulsar e mandar matar (caso dos Duques de Aveiro e dos Távora).

Reformou a agricultura e desenvolveu o comércio como atividade central do reino.

No Brasil, consolidou fronteiras e promoveu o povoamento de núcleos urbanos e a reorganização do território, incluindo a transferência da sua capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763) e a criação de estruturas administrativas e jurídicas. A educação foi uma das suas áreas estratégicas, reformando a universidade. Neste campo, a expulsão dos jesuítas (1759) valeu-lhe o início de uma forte oposição interna.

Mas, foi a reconstrução de Lisboa depois do terramoto de 1 de novembro de 1755 a grande obra do Marquês de Pombal que lhe deu projeção no futuro e base para reabilitação da imagem, a partir do século XIX, no contexto do Liberalismo, durante a monarquia constitucional e que se intensificou no século XX no período da Primeira Republica.

Com plenos poderes conferidos pelo rei, atuou de imediato perante a catástrofe que destruíra a cidade, enterrando os mortos, socorrendo os vivos, proibindo saques e promovendo medidas inovadoras para a sua reconstrução. Decidiu reconstruir a cidade com soluções técnicas e urbanísticas inovadoras e nomeou o arquiteto Manuel da Maia para a coordenação do Plano de Reconstrução.

Assim, depois da ponderação de diversas soluções, optou por uma cidade nova, com grandes praças, traçado regular, soluções arquitetónicas tipificadas, estruturas construtivas adequadas e preventivas de catástrofes (gaiola pombalina).

O Projeto final, da autoria de Eugénio dos Santos, Carlos Mardel e Elias Sebastião Pope, deu corpo e forma à Lisboa Pombalina como uma grande cidade capital do Iluminismo, percursora do urbanismo modernizador, onde racionalidade, técnica e arte se conjugam.

Neste processo, todas as decisões e documentos respetivos foram assinados pelo Marquês, incluindo muitos documentos técnicos e peças desenhadas. Com base neste modelo, mandou também construir Vila Real de Santo António, um centro urbano novo, no sul de Portugal, junto da fronteira com Espanha.

Autores

Francisco Santos, escultor (1878-1930);

António do Couto Abreu, arquiteto (1874- 1946);

Adães Bermudes, arquiteto (1864 - 1948).

Colaboradores

José Simões de Almeida ou Simões de Almeida-Sobrinho, escultor (1880-1950).

Leopoldo de Almeida, escultor (1898-1975).



A conceção deste monumento, de grande escala e cuidada elaboração artística, é da autoria do escultor Francisco Santos e dos Arquitetos António do Couto Abreu e Adães Bermudes, equipa vencedora do concurso público lançado para o Monumento ao Marquês de Pombal.

Tal como era exigido neste tipo de obras públicas, cabia ao escultor todo o programa estético e aos arquitetos a implantação e a escala do conjunto que se destinava a ser colocado no espaço urbano mais importante de Lisboa e que materializava a expansão da cidade com a Avenida da Liberdade e as Avenidas Novas.

Francisco Santos (Paiões, Rio de Mouro, Sintra, 22 de outubro de 1878 – 1930) - escultor

Iniciou os estudos na Casa Pia, instituição que tinha uma forte componente pedagógica e didática a nível do desenho e das artes.

Em 1893, foi admitido na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde veio a fazer o Curso Geral de Desenho e o Curso de Escultura, sob orientação dos mestres Simões de Almeida (escultor), José Luis Monteiro (arquiteto) e António Alberto Nunes (escultor).

Destacou-se como aluno premiado pelos seus trabalhos e participou em várias exposições.

A partir e 1903, prosseguiu os estudos na Escola de Belas Artes de Paris como bolseiro do Estado Português.

Aqui, foi aluno de Charles Raoul Verlet. Em 1906, completou esta fase de formação artística em Itália com uma Bolsa do Legado Valmor.

Durante estes anos, executou diversas obras que enviava regularmente para a Academia de Belas Artes em Lisboa.

Para completar a escassa bolsa que lhe estava atribuída, recorreu às suas competências como desportista e foi jogador de futebol em Roma, o que lhe permitiu viajar por Itália a conhecer o rico legado artístico de diversas épocas.

Regressou a Portugal em 1909 e pôs em prática toda a sólida formação, energia e criatividade, participando em concursos e apresentando obras nas exposições.

Em 1911, concebeu o busto da República, obra que se encontra no Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa.

Primeiro no atelier de Simões de Almeida (tio) e depois em atelier próprio, a sua produção escultórica e pictórica é enorme.

Está sepultado no Cemitério de Benfica, onde tem mausoléu da autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do arquiteto Rodrigues Lima.

O seu nome regista a memória do escultor na toponímia da cidade, numa rua da Freguesia de Benfica.

A obra de referência é o Monumento ao Marquês de Pombal, cuja encomenda ganhou por Concurso Público.

Para este trabalho chamou colaboradores próximos e apostou em jovens escultores, com destaque para Leopoldo de Almeida.

Outras obras m Lisboa: para além desta obra e do já referido busto da república nos Paços do Concelho, Francisco Santos tem representatividade, com a estátua.

O Poeta do monumento funerário de Gomes Leal (Cemitério do Alto de S. João), o Monumentos funerários de Sousa Viterbo e de Gomes Leal no Cemitério dos Prazeres, a escultura Prometeu no Jardim Constantino.

A Faculdade de Belas Artes possui documentos e obras (desenhos e gesso) da fase académica do jovem estudante.

No Museu do Chiado/Museu Nacional de Arte Contemporânea, encontram-se obras emblemáticas (Salomé; O Beijo).

No Palácio de S. Bento está a escultura alegórica intitulada Lei.

O Centro Cultural Casapiano possui documentos, fotografias e obras do escultor.

Também tem obras em outras cidades:

Guarda (Monumento ao médico Lopo de Carvalho);

Olhão (Monumento ao poeta João Lúcio);

Covilhã (Monumento aos Mortos da Grande Guerra).

O Museu José Malhoa nas Caldas da Rainha possui algumas esculturas de Francisco Santos.

Uma das caraterísticas deste cidadão artista foi a sua paixão pela prática do desporto e o seu envolvimento no associativismo desportivo, nomeadamente no âmbito do futebol, modalidade que praticou ao longo da vida, no Casa Pia Atlético Clube, no Sport Lisboa e no Sporting Clube de Portugal.

Referência importante é a sua inserção na equipa italiana da Società Sportiva Lazio (atual clube romano Lazio), onde jogou durante a estadia em Itália, situação que lhe permitiu colmatar a escassez da bolsa e sustentar a família que, entretanto, constituíra.

Com 1,60m de altura e 55 kg de peso, destacava-se pela agilidade e mestria, que contribuíram para as vitórias do clube em 1908, na Final Inter-regional em Pisa, na Copa Toste e na Copa Cacceli.

António do Couto Abreu (Barcarena, Oeiras, 8 de março de 1874 – Lisboa, 3 de julho de 1946) - arquiteto

Iniciou os estudos na Casa Pia e entrou para a Escola de Belas Artes de Lisboa, onde fez o Curso Geral de Desenho e o Curso de Arquitetura, dirigido pelo arquiteto José Luís Monteiro, que terminou com nota máxima e distinção em 1899.

Iniciou a prática profissional em 1900, sob orientação do arquiteto Ventura Terra, como arquiteto tirocinante no Edifício das Cortes (Palácio de S. Bento / Edifício da Assembleia da República). Desempenhou funções nas Obras Públicas, desde 1910 até ao final da sua carreira.

Neste contexto, destacamos: Restauro da Sé de Lisboa (1911) e o Pavilhão Português na Exposição Universal de S. Francisco (1914).

Em simultâneo, deu resposta a encomendas privadas, nomeadamente no campo da habitação. Em Lisboa, foi distinguido com o Prémio Valmor (1907), pelo projeto da Casa Empis, um edifício eclético com forte pendor decorativo revivalista, implantado num gaveto da Avenida Duque de Loulé (demolido em 1954).

Em 1909, foi igualmente distinguido com uma menção honrosa deste prémio pelo projeto da Casa Henriques Serra na esquina Rua Viriato com a Rua Tomás Ribeiro, com caraterísticas arquitetónicas e decorativas semelhantes ao anterior (demolido em 1954). Projetou também a casa Leite Lage (rua Pedro Nunes, já demolida) e sua casa de família na Avenida Defensores de Chaves n.º 24 (já demolida).
Desta tipologia residencial, também desenhou a Casa Luis Chatelanaz (Dafundo, Oeiras, 1909), o Palacete Pósser de Andrade (Monte Estoril, já demolido), a Casa Magalhães Barros (Praia da Rocha, Algarve), mais tarde adaptada a hotel.

O associativismo foi uma das suas causas, nomeadamente no âmbito da Sociedade de Arquitetos Portugueses e da Sociedade Nacional de Belas Artes.


Arnaldo Redondo Adães Bermudes (Porto 1 de outubro de1864 - Sintra 18 de fevereiro de 1948) - arquiteto

Pertencente a uma família de ascendência galega, concluiu o curso de arquitetura na Escola de Belas.

Artes do Porto em 1886 e continuou a formação na Escola de Belas de Paris, onde foi aluno de Paul Blondel.

De regresso a Portugal, distinguiu-se nas Exposições do Grémio Artístico.

Em 1895, foi admitido no quadro das Obras Públicas e em 1906 foi nomeado arquiteto de 1.ª classe.

Na sua longa e prestigiada carreira no setor público, foi Diretor das Construções Escolares, vogal do Conselho de Arte e Arqueologia, vogal do Conselho Superior de Instrução Pública, secretário da Comissão dos Monumentos Nacionais e diretor do Serviço de Monumentos Nacionais.

Também foi professor de Construções na Escola de Belas-Artes de Lisboa, entre 1919 e 1933.

Foi muito relevante a sua ação no âmbito das construções escolares.

Em 1898, ganhou o concurso para apresentação de projetos de edifícios destinados a escolas de instrução primária.

Nesta base, concebeu um modelo-tipo de escola do ensino primário para todo o país, Conhecidas como Escolas Adães Bermudes, muitas dos edifícios estão hoje preservados e classificados.

Projetou também o complexo edificado do Instituto Superior de Agronomia, da Escola Normal Primária de Lisboa e o da Escola Central de Coimbra.

Com uma obra vasta, demonstrando uma grande versatilidade a nível de tipologias e de soluções estéticas, pauta-se por um Ecletismo, onde, a par das bases clássicas, emergem revivalismos e soluções de tipo Arte Nova.

Projetou o Hospital da Covilhã, vários Edifícios do Banco de Portugal (Évora, Coimbra, Bragança, Vila Real e Faro), a Cadeia e os Paços do Concelho de Sintra, a igreja de Espinho e o Hotel Astória em Coimbra.

Também concebeu o Jazigo dos Benfeitores da Misericórdia no Hospital do Alto de S. João em Lisboa. No campo da habitação, a obra representativa encontra-se em Lisboa: Prédio Augusto Coelho (Avenida Almirante Reis) que lhe valeu a atribuição do Prémio Valmor em 1908;

Palacete Conde de Agrolongo (Rua do Sacramento à Lapa); Bairro do Arco do Cego (primeiro grande projeto de habitação de iniciativa municipal em Portugal).

Com uma grande consciência cívica, Adães Bermudes participou ativamente na Sociedade de Arquitetos Portugueses (a associação de classe dos arquitetos) e marcou presença ativa nos congressos internacionais de arquitetura, com destaque para o Congresso de Madrid em 1904.

Pertenceu a várias organizações internacionais, com destaque para o Royal Institut of British Architects.

Foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Senador na Assembleia da República, eleito em 1918 como membro do Partido Republicano e membro proeminente da Maçonaria.

José Simões de Almeida ou Simões de Almeida (sobrinho) - (Figueiró dos Vinhos 17 de junho de 1880 – Lisboa 2 de Março de 1950) - escultor

Era sobrinho do escultor José Simões de Almeida (1844-1926).

Para se distinguir do tio, que também foi escultor e professor de escultura, tornou-se conhecido como Simões de Almeida (sobrinho).

Fez os Curso Geral de Desenho e o Curso de Escultura na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde foi aluno do próprio tio.

Ganhou a bolsa do Legado Valmor e continuou os estudos na Escola de Belas Artes de Paris, de 1904 a 1907.

Destacou-se como autor do busto oficial da República que serviu de modelo a todo o país.

Em Lisboa, na sequência da morte de Francisco Santos, com o qual já colaborava, concluiu o Monumento ao Marquês de Pombal, executando bustos e baixos relevos.

Interveio com elementos escultóricos no Edifício da Assembleia da República, nomeadamente os relevos do tímpano do Frontão principal e no interior as alegorias à constituição e à Justiça, um busto da República e os bustos de Fontes Pereira de Melo e do Duque de Ávila e Bolama.

Na escadaria principal do edifício dos Paços do Concelho, encontra-se um baixo relevo alusivo à implantação da República.

No átrio do Edifício da Câmara do Comércio, sede da Associação Comercial de Lisboa (Rua das Portas de Santo Antão), encontram-se baixos relevos alusivos à dança, concebidos pelo escultor em 1917, quando aqui se localizava o célebre Palace Clube.

O Museu do Chiado também possui obras de sua autoria (Busto de Simões de Almeida tio).

No Palácio da Ajuda encontra-se o busto do Rei D. Manuel II.

Do seu atelier saíram monumentos e bustos alusivos a figuras da história política e cultural contemporânea, nomeadamente liberais e republicanos, que se encontram em espaços públicos, como o Museu José Malhoa nas Caldas da Rainha (bustos de Passos Manuel e do ator José de Castro, entre outros).

Leopoldo de Almeida (Lisboa 18 de outubro de 1898 – Lisboa 28 de abril de 1975) – escultor e professor

Fez os primeiros estudos na Escola Oficina n. º1, uma instituição inovadora, criada em 1905 no bairro da Graça em Lisboa e muito de dicada ao ensino das artes.

Com apenas 15 anos, entrou para a Escola de Belas Artes de Lisboa, onde foi aluno de Simões de Almeida (sobrinho) e de Columbano Bordalo Pinheiro e se revelou um discípulo brilhante.

Em 1920, terminou o curso de Escultura com a classificação máxima.

Desde muito novo, apresentou-se nas Exposições da Sociedade de Belas Artes.

Na primeira fase da vidaq, as suas obras seguem o modelo da escultura clássica, como é o caso de O Vencido da Vida (1922).

Aceitou novos desafios e concebeu o baixo relevo do friso da boca do Teatro da Trindade, assim como as decorações escultóricas do célebre Bristol Clube.

Em 1926, foi um dos vencedores do concurso para Pensionista do Estado no Estrangeiro.

Em Paris, onde residiu durante alguns meses, visitou monumentos e museus.

Mas foi em Roma, onde se instalou no Instituto de Santo António dos Portugueses e onde expôs, que a obra do escultor teve novo impulso.

Regressado a Portugal, participou nos grandes concursos públicos para monumentos urbanos.

Foi a colaboração no atelier do escultor Francisco Santos, em particular no Monumento ao Marquês de Pombal, que revelou as suas qualidades na composição de figuras e grandes grupos escultóricos.

Com a morte do mestre, deu continuidade à obra. A realização dos baixos-relevos executados em 1934 para a fachada do cinema Éden, projetada pelo arquiteto Cassiano Branco, consagraram-no como escultor moderno, já com atelier próprio.

Leopoldo Almeida tem uma obra diversificada e inserida em diversos contextos.

É relevante a estatuária em espaço urbano resultante de encomenda pública.

Grande parte da sua obra concentra-se em Lisboa, onde para além das estatuária no da Avenida da Liberdade (monumentos a Oliveira Martins e António Feliciano de Castilho e partes relevantes do monumento ao Marquês de Pombal), se destaca o Monumento a António José de Almeida, as esculturas do Padrão dos Descobrimentos, a estátua equestre de D. João I na Praça da Figueira, o Monumento a Calouste Gulbenkian nos Jardins da Fundação Gulbenkian e as estátuas de D. Afonso Henriques e de D. João I (concebidas para os Paços do Concelho, mas atualmente inseridas no Jardim do Campo Grande) e de Óscar Carmona (atualmente no Museu da Cidade).

Relevante é também a composição alegórica alusiva à Justiça, no exterior do Palácio da Justiça. Versátil na composição e na modelação, também concebeu obras mais intimistas como alguma escultura religiosa inserida na Igreja de Fátima.

O Museu de Lisboa possui na sua coleção um notável conjunto de obras e modelos em gesso, da autoria do escultor.

Também está representado noutras cidades e vilas, nomeadamente com monumentos evocativos de vultos da história política (D. Nuno Álvares Pereira na Batalha, D. Sancho I em Silves, Duarte Pacheco em Loulé, Infante D. Henrique em Lagos) e de figuras da vida cultural (Ramalho Ortigão no Jardim da Cordoaria no Porto, Eça de Queiroz na Póvoa do Varzim, Ramalho Ortigão nas Caldas da Rainha e Marcelino Mesquita no Cartaxo).

Embora predominem obras de estatuária relacionadas com figuras históricas, também concebeu alegorias, como a que se refere à Justiça nos Palácios da Justiça de Lisboa e do Porto.
Dedicou-se simultaneamente ao ensino como Professor da Escola de Belas Artes de Lisboa, formando muitos jovens escultores.

Em reconhecimento da sua ação, foram-lhe atribuídas distinções públicas relevantes, como a Ordem Militar de Santiago da Espada e a Ordem da Instrução Públicas. Nas Caldas da Rainha, localiza-se o Museu Leopoldo de Almeida, dedicado à vida e obra do escultor.

Observações / informações complementares

- O Percurso de vida do escultor Francisco Santos também está associado ao desporto, especialmente no domínio do futebol.

Entre 1907 e 1909, no período de estadia em Itália como bolseiro, foi jogador do Lazio e chegou a ser capitão da equipa e venceu o campeonato.

De regresso a Portugal, fez parte da equipa do Sporting.

- A Comissão Executiva do Monumento ao Marquês de Pombal, nomeada por Portaria de 2 de junho de 1923, era constituída pelos seguintes membros:

- Sebastião Magalhães Lima (1850-1928), Presidente: advogado, político e jornalista, Grão-Mestre do GOL;

- Ernesto Vieira da Rocha (1872-1952), Vice-Presidente: militar (General), Ministro da Guerra, Ministro das Colónias;

- Custódio José Vieira (1877-1934), Secretário: bacharel em leis pela Universidade de Coimbra, republicano, funcionário do Ministério das Finanças (responsável pelo inventário e transferência de bens de Palácios Reais), que também presidiu à Comissão do Primeiro Centenário do Nascimento de Camilo Castelo Branco;

- José Maria de Pádua (1873-1924), Tesoureiro: médico, republicano, pianista;

- Joaquim de Oliveira Simões (1880-1946), vogal:

bacharel em filosofia e matemático pela Universidade de Coimbra, militar (Coronel de Infantaria); deputado pelo Círculo de Aveiro em 1925 (Partido Republicano);

- António A. da Veiga e Sousa, vogal: militar;

- José Bernardo Ferreira, vogal: militar;

- Alexandre Branco Ferreira (1877-1950), vogal: comerciante, republicano, vereador municipal em Lisboa, benemérito, fundador da Universidade Livre, fundador da Associação dos Inválidos do Comércio; pai do escritor José Gomes Ferreira;

- Ernesto de Vasconcelos (1852-1930), vogal: militar, vice-almirante, foi Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, deputado e Vice-Presidente da Câmara dos Deputados;

- Germano Lopes Martins (1871-1950), vogal: natural do Porto, bacharel em Leis pela Universidade de Coimbra;

Advogado, republicano, Deputado e Presidente da Câmara dos Deputados, Ministro do Interior em 1925; - João Estêvão Águas (1872-1956), vogal:

militar (general), político, Deputado e Ministro da Guerra;

- José Pinheiro de Melo (1842-1929), vogal:

comerciante, membro do Diretório do Partido Republicano, ativista e dirigente do Grémio Popular e da Associação de Socorros Mútuos;

- Fernão Botto Machado (1865-1921), vogal: solicitador, republicano, jornalista, deputado, diplomata.

Por morte de alguns membros, com destaque Magalhães Lima e José de Pádua, a Comissão foi reorganizada com a entrada de:

- Luís Filipe da Mata (1853-1924), Vice-Presidente: republicano, vereador da C. M. de Lisboa, deputado

- Joaquim Maria de Oliveira Simões (1880-1946, Tesoureiro): republicano, militar.

Informação do Centro Nacional da Cultura