Alexandre Herculano

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Voz

Herman José

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Localização

Avenida da Liberdade (faixa lateral poente, junto ao cruzamento com a Rua Alexandre Herculano)

Tipologia

Estatuária monumental

Inauguração

27 de maio de 1950

Encomenda

Câmara Municipal de Lisboa (presidência de Álvaro Salvação Barreto)

Caraterização e descrição

Este monumento faz parte de um conjunto de quatro esculturas autónomas, evocativas de figuras de ilustres portugueses do séc. XIX, colocadas nos talhões da Avenida da Liberdade, no cruzamento com a Rua Alexandre Herculano.

Iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, representam bem a encomenda pública do período do Estado Novo.

Duas são concebidas por Barata Feio (Alexandre Herculano e Almeida Garrett) e duas por Leopoldo de Almeida (Feliciano de Castilho e Oliveira Martins).

Trata-se de uma estátua monumental com quase de 3 metros de altura, executada em mármore e implantada sobre pinto circular.

O escultor é representado em pose frontal e com traje formal, símbolo do seu valor e prestígio. Após contrato celebrado com a Câmara Municipal em 1945, o escultor apresentou a obra sob a forma de modelo em gesso em 1947.

Foi aprovada e passada a pedra pelo mestre canteiro José Raimundo (com oficina em Pero Pinheiro) em 1948 e depois colocada no local e inaugurada em 1950.

Após contrato celebrado em 1945 entre a Câmara Municipal e o escultor, a obra foi apresentada sob a forma de modelo em gesso e aprovada em 1947. Foi depois passada a pedra pelo mestre canteiro José Raimundo (com oficina em Pero Pinheiro) em 1948 e inaugurada em 1950.

Tema / Homenageado

Alexandre Herculano (n. Lisboa 28 de março de 1810 – f. Quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, Santarém, 13 de setembro de 1877)

- escritor, historiador, jornalista, político e figura de referência do Liberalismo oitocentista, do Romantismo e da cultura portuguesa.

O monumento representa a figura do homenageado em pose formal, com traje convencional de tipo académico, evocando o cidadão que se afirmou no campo das letras e da defesa do património e da memória.

Nesta representação escultórica, encontra-se associado a outros vultos relevantes do seu tempo, cujos monumentos estão implantados em espaço público com grande proximidade:

António Feliciano de Castilho (amigo de Alexandre Herculano), Almeida Garrett e Oliveira Martins.

Alexandre Herculano de Carvalho Araújo é um lisboeta, nascido na freguesia de S. Mamede, no antigo e já desaparecido Páteo do Gil, junto à rua de S. Bento. Estudou no Colégio dos Oratorianos que se encontrava instalado no Convento das Necessidades, frequentou a Aula do Comércio e foi aluno da Aula Diplomática na Torre do Tombo.

A sua formação incluía conhecimentos de latim e domínio de línguas estrangeiras (francês, inglês, alemão), o que lhe valeu, mais tarde, a tradução de obras de escritores e pensadores europeus.

A frequência dos salões literários foi a base para o estabelecimento de uma teia de relações com os mais destacados intelectuais no contexto dos movimentos culturais da primeira metade do século XIX.

Defensor convicto do Liberalismo, opôs-se firmemente ao absolutismo, situação que foi motivo de perseguição política e da sua condição de exilado em França e na Inglaterra, onde ficou a conhecer o Romantismo como estética e ideal de vida.

De regresso a Portugal, apoiou a causa de D. Pedro IV e envolveu-se diretamente nas lutas liberais, fazendo parte do grupo que se deslocou com o rei para a Ilha Terceira nos Açores e daí organizou o cerco do Porto que conduziu à vitória dos liberais. Foi neste contexto que residiu nesta cidade e se tornou bibliotecário da Biblioteca Pública do Porto em 1833.

Começou por exprimir os valores do Romantismo na literatura, nas artes e na sociedade, em diversos artigos publicados em revistas.

Em 1836, editou o folheto panfletário de teor político intitulado “A Voz do Profeta” e em 1837 fundou a revista literária “O Panorama”, onde veio a publicar os seus estudos de cariz histórico.

A faceta de jornalista traduziu-se na colaboração em numerosas publicações periódicas e na fundação jornais.

Em 1838, afirmou-se como poeta com uma obra a que deu o título “A Harpa do Crente”, onde reflete sobre a condição e a finitude da vida.

Já instalado na capital, em 1939, passou a exercer funções de bibliotecário-mor das Reais Bibliotecas (Biblioteca das Necessidades e Biblioteca da Ajuda), o que lhe deu a oportunidade de desenvolver um trabalho sistemático de organização documental e de investigação e o afirmaram como historiador, com destaque para temáticas relativas à História de Portugal e às suas raízes.

A um artigo intitulado “Cartas sobre a História de Portugal”, publicado em 1842 na Revista Universal Lisbonense, seguiu-se, em 1846, a edição do primeiro volume da História de Portugal.

A completar esta série, publicou nos anos seguintes os restantes três volumes.

A missão atribuída pela Academia das Ciências para organizar a coletânea intitulada Portugaliae Monumenta Histórica levou-o a percorrer o país, em busca de documentos históricos fundamentais.

As estas recolhas estavam associados o conceito de defesa de Património Histórico.

A investigação serviu também para alimentar a criação de uma série de obras, cuja estética e temáticas se inserem no âmbito do romance histórico (Eurico o Presbítero, Lendas e Narrativas, o Bobo e outros).

A sua obra vasta abrange diversas tipologias da criação literária (romance, poesia, dramaturgia), estudos históricos, muitos opúsculos temáticos e também cartas.

O conhecimento direto e profundo da realidade social e económica esteve na base da sua ação no plano político, que se traduziu na defesa continuada das suas convicções liberais e românticas, na intervenção direta com funções parlamentares e autárquicas, e na proposta de um conjunto de reformas que propõe para o país.

Acreditava no movimento Regenerador que se instalara a partir de 1851 e envolveu-se na diversificada teia política, desde o Partido Cartista ao Partido Progressista (do qual foi um dos fundadores).

Defensor do parlamentarismo e do municipalismo, foi Deputado pelo círculo do Porto e Presidente da Câmara do Concelho de Belém (um município que teve uma curta existência no século XIX).

Mas, neste campo, se a determinação foi constante, o encantamento foi breve.

Apenas com 57 anos retirou-se na sua quinta de Vale de Lobos, próximo de Santarém.

Com exceção do apoio às Conferências do Casino promovidas por Eça de Queiroz e Antero de Quental, em 1971 no Chiado, Alexandre Herculano deixou de frequentar a movida literária da capital e dedicou-se exclusivamente à vida familiar, à agricultura e à escrita. Faleceu em 1877, vítima de tuberculose.

Está sepultado na Sala do Capítulo do Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, para onde corpo do escritor foi tresladado em 1888 e instalado num mausoléu neogótico concebido por Eduardo Augusto da Silva e construído com base numa subscrição pública.

Principais obras de Alexandre Herculano por género literário (editadas autonomamente)

Poesia

A Voz do Profeta

A Harpa do Crente: tentativas poéticas
Poesias

Teatro

O Fronteiro de África ou três noites aziagas

Os Infantes em Ceuta

Romance

O Pároco de Aldeia (1825) – 1851

O Galego: Vida, ditos e feitos de Lázaro Tomé

Romance histórico

O Bobo

O Monasticon

Eurico, o Presbítero

O Monge de Cister

Lendas e narrativas

Romance Histórico - lendas e Narrativas

  (1.º tomo)

O Alcaide de Santarém

Arras por Foro de Espanha

O Castelo de Faria

A Abóbada

Romance Histórico - lendas e Narrativas

  (2.º tomo)

Destruição de Áuria: Lendas Espanholas

A Dama Pé de Cabra: Romance de um Jogral

O Bispo Negro

A Morte do Lidador

O Emprazado: Crónica de Espanha

O Mestre Assassinado: Crónica dos Templários

Mestre Gil: Crónica

Três Meses em Calecut: Primeira Crónica dos Estados da Índia

Autor

Salvador Barata Feyo (n. Moçâmedes, atual Namibe, Angola, 5 de dezembro de 1899

– f. Lisboa 31 de janeiro de 1990)

– escultor e Professor das Belas Artes.


Filho de um oficial do exército com carreira no ultramar, Salvador Carvão da Silva d’Eça Barata Feyo nasceu em Moçâmedes no Sul de Angola.

Fez os estudos liceais no Colégio Militar em Lisboa, no Liceu Central de Coimbra e no Liceu Central de Lisboa e os estudos artísticos na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde ingressou em 1923 e conclui o curso de escultura em 1929.

Neste âmbito, foram referenciais os mestres arquiteto José Luis Monteiro, pintor Columbano Bordalo Pinheiro, pintor Luciano Freire e escultor Simões de Almeida (sobrinho).

Na sequência de uma Bolsa atribuída em 1933, desenvolveu e atualizou esta formação com uma viagem a Itália, detendo-se em contatos e visitas aos principais monumentos e museus das cidades de Roma, Nápoles e Florença.

De regresso a Lisboa, deu a conhecer a sua obra nas exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes, com destaque para o salão dos Independentes, onde foi distinguido e premiado, em 1930 e 1931.

Manteve presença e colaboração nas grandes mostras de arte, nacionais e internacionais, com destaque para a Exposição do Mundo Português em 1940, a bienal de Veneza em 1950, a Bienal de S. Paulo em 1953 e a Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1957, onde obteve o grande prémio de escultura e a Exposição Internacional de Bruxelas de 1958.

A sua obra foi também apresentada em diversas exposições monográficas.

Em 1949, iniciou a carreira académica como Professor da Escola de Belas Artes do Porto, onde se manteve até 1972 e deixou uma marca nos seus discípulos. Simultaneamente, foi Diretor do Museu Soares dos Reis, cargo que exerceu durante uma década (1950 a 1960).

No plano da obra escultórica, a sua obra é vasta e diversificada e encontra-se representada em vários locais e museus.

Mas destacou-se como estatuário com obra no espaço público.

O percurso mais relevante iniciou-se em 1956 com o concurso para o monumento ao Infante D. Henrique em Sagres, em parceria com o arquiteto João Andresen.

A proposta apresentada, intitulada “mare nostrum”, não se concretizou e a obra acabou por ser realizada mais tarde e instalada em Brasília, junto da Embaixada de Portugal.

Uma parte significativa da sua obra encontra-se na cidade do Porto, com destaque para o Monumento a Almeida Garrett na Praça Humberto Delgado, a Estátua D. João VI Porto Praça Zarco e a Estátua de Vimara Peres junto à Sé.

Também tem obra em Lisboa, onde, para além do Monumento a Alexandre Herculano, é também o autor do Monumento a Almeida Garrett, que faz parte do conjunto da estatuária nesta mesma zona da Avenida da Liberdade, do Monumento a Antero de Quental instalado no Jardim da Estrela e de uma obra inserida no interior da modernista Igreja de Fátima, que representa Cristo na Cruz e que foi realizada em 1936.

No Brasil, para além do já referido Monumento ao Infante D. Henrique na Praça de Portugal, é também o autor da Estátua de D.João Vi na Praça XV de novembro.

A destacar, inda, o Monumento a Bartolomeu Dias, na Cidade do Cabo na África do Sul.

Assinalando o notável percurso de modernidade na escultura, Barata Feyo foi distinguido com o Prémio Nacional de Artes (1960) e agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1933)

Observações / informações complementares

Na escolha do local para colocação da estátua, os serviços camarários colocaram em primeiro lugar o espaço ajardinado da Avenida da Liberdade, seguido do Parque Eduardo VII.

Informação do Centro Nacional da Cultura