Rosa Araújo

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Voz

Marina Mota e Fernando Mendes

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Localização

Avenida da Liberdade - faixa poente, junto da Rua Rosa Araújo.

Tipologia

Conjunto escultórico, formado por busto e figura alegórica.

Inauguração

25 de outubro de 1936.

Encomenda

Câmara Municipal de Lisboa

Caraterização e descrição

o Monumento é um grupo escultórico composto pelo pedestal com plinto em pedra, encimado pelo busto em bronze e rodeado por uma figura feminina em pedra, de tamanho natural.

Esta figura coroada, é uma representação alegórica da cidade de Lisboa.

Ergue-se, com a mão direita tocando o busto e oferecendo-lhe um bouquet, em gesto de agradecimento ao autarca pela obra realizada.

Na mão esquerda, ostenta um ramo de flores.

É elegante e bem trabalhada, exprimindo movimento e graciosidade, refletindo o gosto da Arte Nova.

O busto do homenageado é simples, com representação convencional, respeitando a fisionomia do autarca que olha, serenamente, para a sua obra, a Avenida.

Tema / Homenageado

Rosa Araújo, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que tomou a decisão de abertura da Avenida da Liberdade em 1879 e de construção das zonas envolventes, símbolo da cidade nova, com base num Plano de Urbanização inspirado no modelo da implementado pelo Barão Haussmann em Paris.

Esta decisão envolveu a destruição do Passeio Público pombalino, o que teve uma grande oposição de muitos intelectuais e de alguns olisipógrafos, nomeadamente de Júlio de Castilho.

Só o voluntarismo do autarca e a sua visão de futuro permitiu o arranque das obras.

Ele próprio sinalizou o início com picareta a derrubar a entrada sul do referido Passeio Público e outras construções na zona do Salitre, o que lhe valeu a publicação de uma célebre caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, no “O António Maria” a 28 de agosto de 1878.

A caricatura enfatiza a pequena e volumosa figura do Có-có, alcunha pela qual era conhecido devido à afamada doçaria que se vendia na pastelaria da família na Baixa lisboeta (Rua de S. Nicolau), também conhecida como espaço de tertúlias políticas.

Já construída, sem polémicas e considerada um sucesso e um prenúncio de modernidade urbana e social, a Avenida foi formalmente inaugurada a 28 de abril de 1886.

José Gregório Rosa Araújo (Lisboa 17 de novembro de 1840 - Lisboa 26 de janeiro de 1893) - embora tenha exercido funções de deputado e par do reino, notabilizou-se como lisboeta empenhado no desenvolvimento da sua cidade, particularmente como Presidente da Câmara Municipal.

Convicto defensor do Liberalismo, cujas ideias lhe foram transmitidas pelo pai, começou a sua atividade pública ligada ao associativismo.

Dirigiu o Grémio Popular e a Fraternidade e dinamizou a Irmandade do Santíssimo na Igreja de S. Nicolau.

A sua capacidade de empreendedor ficou bem patente na gestão dos negócios da família e nos cargos que exerceu, em diversas empresas (Companhia de Tabacos de Xabregas, Companhia de Algodões de Xabregas, Companhia das Lezírias do Tejo e do Sado, Companhia do Gás, Crédito Comercial e seguradoras Fidelidade e Bonança).

Iniciou a atividade política como vereador da Câmara de Lisboa por curtos períodos, entre 1872 e 1872 e entre 1876-1877, até se tornar presidente, cargo que exerceu entre 1878 e 1885.

Nestas funções, distinguiu-se pela dinamização e funcionamento da gestão camarária, pela implementação de novas soluções urbanísticas que permitiram a ampliação e a modernização da cidade, pela qualificação dos mercados e pelo apoio social.

Mas foi a decisão sobre a expansão de Lisboa para norte, estruturada pela Avenida da Liberdade, a sua principal obra.

Embora a ideia já tivesse surgido em reuniões camarárias em 1859, só com o empenho de Rosa Araújo o projeto foi implementado a partir de 1879.

Para isso, contou com a colaboração e a competência técnica dos engenheiros Miguel Pais, Ressano Garcia e António Maria de Avelar.

Autor

Costa Mota, sobrinho


António Augusto da Costa Motta (Coimbra 1877 – Lisboa 1956), conhecido por Costa Motta sobrinho para se distinguir do escultor com o mesmo nome e que era seu tio, pertenceu a uma família de artistas.

Começou os estudos em 1889, na Escola Industrial Avelar Brotero em Coimbra, onde aprendeu as modernas técnicas de cerâmica.

Em 1893, entrou na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde fez o Curso de Escultura na Escola de Belas Artes e foi discípulo dos escultores Simões de Almeida e Costa Mota tio.

Em 1904, foi para Paris para conhecer os novos horizontes das artes, em particular da escultura. Inseriu-se no meio artístico académico e chegou a expor no Grand Palais.

Regressou a Portugal em 1906 e destacou-se nas exposições da Sociedade de Belas Artes e na participação portuguesa na Exposição Internacional do Rio de janeiro (1908), onde foi premiado com a medalha de ouro.

Durante algum tempo, dirigiu a Escola de Cerâmica das Caldas da Rainha onde explorou novas técnicas e novas soluções estéticas e valorizou esta arte decorativa.

Participou em exposições internacionais de arte. Colaborou com os arquitetos Rebelo de Andrade, executando as decorações escultóricas para o Pavilhão de Portugal na Exposição Comemorativa do Centenário Rio de Janeiro em 1922 (atual Pavilhão Carlos Lopes em Lisboa) e com o arquiteto Raul Lino no Pavilhão de Portugal ma Exposição Colonial Internacional de Paris em 1931.

Com uma enorme versatilidade, realizou uma vasta obra para encomenda pública e privada, com uma matriz clássica, muitas vezes intimista e associada ao simbolismo, o que lhe confere caraterísticas de pré modernidade.

Em Lisboa, para além do Monumento a Rosa Araújo, são, ainda, da sua autoria, a obra em gesso, intitulada “A Justiça” no Palácio de S. Bento, bem como os seguintes bustos: do ator Taborda no Jardim da Estrela, de Júlio de Castilho no Miradouro de Santa Luzia e de Silva Porto no Parque com o mesmo nome.

É também o autor dos grupos escultóricos da Via Sacra nas Capelas da Mata do Bussaco.

Observações / informações complementares

O Monumento foi inicialmente colocado na Rua Rosa Araújo, na esquina com a Rua Mouzinho da Silveira, em 1936.

Foi transferido para o local onde hoje se encontra, na Avenida da Liberdade, em 1945.

- Em 1893, o cortejo fúnebre de Rosa Araújo desfilou pela Avenida da Liberdade, evocando a obra do autarca.

- O topónimo da Rua Rosa Araújo foi atribuído em 1887, ainda em vida, pela vereação que lhe sucedeu, à então designada Rua 2 do Bairro Barata Salgueiro.

- A Avenida da Liberdade tornou-se o grande espaço para eventos sociais.

O primeiro grande desfile na Avenida da Liberdade aconteceu com um cortejo popular, por ocasião do casamento do Rei D. Carlos com a Rainha D.ª Amélia em 1886.

Informação do Centro Nacional da Cultura