Almeida Garret
Voz
Jorge Mourato
Localização
Avenida da Liberdade (faixa lateral)
Tipologia
Estatuária monumental
Inauguração
27 de maio de 1950
Encomenda
Câmara Municipal de Lisboa
Caraterização e descrição
Este monumento faz parte de um conjunto de quatro esculturas autónomas, evocativas de figuras de ilustres portugueses do séc. XIX, colocadas nos talhões da Avenida da Liberdade, no cruzamento com a Rua Alexandre Herculano.
Iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, representam bem a encomenda pública do período do Estado Novo.
Duas são concebidas por Barata Feio (Alexandre Herculano e Almeida Garrett) e duas por Leopoldo de Almeida (Feliciano de Castilho e Oliveira Martins).
Esta escultura representa a figura do homenageado enquanto jovem determinado, fitando o horizonte, com traje convencional, segurando as luvas numa das mãos, de modo a evocar o cidadão e escritor romântico.
Nesta representação escultórica, encontra-se associado a três vultos relevantes do seu tempo, cujos monumentos estão implantados em espaço público com grande proximidade: António Feliciano de Castilho, Alexandre Herculano e Oliveira Martins.
Neste caso, trata-se de uma estátua monumental, executada em mármore, implantada sobre plinto circular.
A representação remete-nos para a figura do intelectual, crente nos ideais do Romantismo, na cultura e na instrução como base da construção da nova cidadania do liberalismo e do constitucionalismo oitocentista.
O tratamento e a composição da figura, com o manto e os adereços, introduzem movimento e luz ao conjunto da obra.
Tema / Homenageado
Almeida Garrett (n. Porto 4 de fevereiro de 1799 – f. Lisboa 9 de dezembro de 1854) escritor, político, dinamizador das letras e das artes, impulsionador da construção do Teatro Nacional e da criação do Conservatório Nacional.
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu na freguesia da Vitória na cidade do Porto.
Passou a infância na sua cidade natal e na quinta da família em Oliveira do Douro e o início da juventude em Angra do Heroísmo nos Açores, onde viveu com seu tio, Bispo de Angra, destino seguro no período das invasões francesas.
Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde se inscreveu em 1816.
Aderiu à causa do Liberalismo em 1820 e participou nos movimentos políticos e militares, situação que lhe valeu o exílio em Inglaterra, onde conheceu os ideais da nova estética do Romantismo nas letras e nas artes, nomeadamente através da obra literária de escritores como Walter Scott e do culto dos monumentos e ruinas que fazia parte da vivência desta época.
Num segundo exílio, voltou a Inglaterra em 1828. Depois de uma viagem a França em 1824, durante a qual escreveu duas obras de referência romântica (Camões e Dona Branca), regressou a Portugal em 1826 e abraçou a carreira de jornalista.
Ao longo da vida, foi fundador e colaborador de jornais e revistas, como o jornal O Português, o semanário O Cronista, a Revista Universal Lisbonense (onde veio a publicar Viagens na Minha Terra), a Revista Semana de Lisboa e o jornal Regeneração.
Ao longo da vida e nas várias plataformas onde decorreu a sua ação, apelou à da liberdade de imprensa.
Acérrimo defensor do Liberalismo e do Constitucionalismo, integrou o exército de D. Pedro IV e foi apoiante da Regeneração. Assumiu funções políticas como Cônsul de Portugal em Bruxelas, Cronista Mor do Reino e Ministro dos Negócio Estrangeiros.
Como deputado, destacou-se pelas causas que defendeu e pelas suas extraordinárias qualidades como orador.
Teve uma ação relevante como reformador do ensino da Artes.
Após a vitória do Liberalismo, em 1836 foi nomeado para fazer um estudo e apresentar uma proposta para a qualificação e a democratização do Teatro. Propôs a criação da Inspeção Geral dos Teatros, bem como a criação de um Teatro Nacional de Arte Dramática (Teatro D.ª Marias II) e de um Conservatório Nacional, onde o ensino superior artístico ficasse consagrado.
Faleceu em Lisboa, na sua casa de Campo de Ourique, a 9 de dezembro de 1854 e foi sepultado do Cemitério dos Prazeres.
Em 1903, os restos mortais de Almeida Garrett foram tresladados para o Mosteiro dos Jerónimos e em 1966 tiveram como destino final o Panteão Nacional.
Com uma sólida formação e experiência de vida que lhe deram uma visão cosmopolita do mundo, Garrett foi um escritor que nos legou uma vasta obra literária nos diversos domínios da poesia e da prosa, incluindo peças teatrais e ensaios.
Para além das obras publicadas em vida, deixou um notável conjunto de manuscritos, publicados postumamente.
Algumas das suas obras fazem atualmente parte do Plano Nacional de Leitura.
A Biblioteca Nacional disponibiliza ao público várias obras digitalizadas deste autor, que podem ser lidas través de acesso direto ao catálogo on line.
Obra literária de Almeida Garret (principais títulos)
Poesia
Hino Patriótico, poema. Porto, 1820 Ao corpo académico, poema. Coimbra 1821 Retrato de Vénus, poema Coimbra, 1821 Camões, poema. Paris, 1825 Dona Branca ou a Conquista do Algarve, poema. Paris, 1826 (pseud. F. E.) Adozinda, poema. Londres, 1828 Lyrica de João Mínimo. Londres, 1829 Miragaia, poesia. Lisboa, 1844 Flores sem Fruto, poesia. Lisboa, 1845 Os Exilados, À Senhora Rossi Caccia , poesia. Lisboa, 1845
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Autor
Salvador Barata Feyo (n. Moçâmedes, atual Namibe, Angola, 5 de dezembro de 1899 – f. Lisboa 31 de janeiro de 1990) – escultor e Professor das Belas Artes.
Filho de um oficial do exército com carreira no ultramar, Salvador Carvão da Silva d’Eça Barata Feyo nasceu em Moçâmedes no Sul de Angola.
Fez os estudos liceais no Colégio Militar em Lisboa, no Liceu Central de Coimbra e no Liceu Central de Lisboa e os estudos artísticos na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde ingressou em 1923 e conclui o curso de escultura em 1929.
Neste âmbito, foram referenciais os mestres arquiteto José Luis Monteiro, pintor Columbano Bordalo Pinheiro, pintor Luciano Freire e escultor Simões de Almeida (sobrinho).
Na sequência de uma Bolsa atribuída em 1933, desenvolveu e atualizou esta formação com uma viagem a Itália, detendo-se em contatos e visitas aos principais monumentos e museus das cidades de Roma, Nápoles e Florença.
De regresso a Lisboa, deu a conhecer a sua obra nas exposições da Sociedade Nacional de Belas Artes, com destaque para o salão dos Independentes, onde foi distinguido e premiado, em 1930 e 1931.
Manteve presença e colaboração nas grandes mostras de arte, nacionais e internacionais, com destaque para a Exposição do Mundo Português em 1940, a bienal de Veneza em 1950, a Bienal de S. Paulo em 1953 e a Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1957, onde obteve o grande prémio de escultura e a Exposição Internacional de Bruxelas de 1958.
A sua obra foi também apresentada em diversas exposições monográficas.
Em 1949, iniciou a carreira académica como Professor da Escola de Belas Artes do Porto, onde se manteve até 1972 e deixou uma marca nos seus discípulos. Simultaneamente, foi Diretor do Museu Soares dos Reis, cargo que exerceu durante uma década (1950 a 1960).
No plano da obra escultórica, a sua obra é vasta e diversificada e encontra-se representada em vários locais e museus.
Mas destacou-se como estatuário com obra no espaço público.
O percurso mais relevante iniciou-se em 1956 com o concurso para o monumento ao Infante D. Henrique em Sagres, em parceria com o arquiteto João Andresen.
A proposta apresentada, intitulada “mare nostrum”, não se concretizou e a obra acabou por ser realizada mais tarde e instalada em Brasília, junto da Embaixada de Portugal.
Uma parte significativa da sua obra encontra-se na cidade do Porto, com destaque para o Monumento a Almeida Garrett na Praça Humberto Delgado, a Estátua D. João VI Porto Praça Zarco e a Estátua de Vimara Peres junto à Sé.
Também tem obra em Lisboa, onde, para além do Monumento a Almeida Garrett, é também o autor do Monumento a Alexandre Herculano, que faz parte do conjunto da estatuária nesta mesma zona da Avenida da Liberdade, do Monumento a Antero de Quental instalado no Jardim da Estrela e de uma obra inserida no interior da modernista Igreja de Fátima, que representa Cristo na Cruz e que foi realizada em 1936. No Brasil, para além do já referido Monumento ao Infante D. Henrique na Praça de Portugal, é também o autor da Estátua de D. João Vi na Praça XV de novembro.
A destacar, inda, o Monumento a Bartolomeu Dias, na Cidade do Cabo na África do Sul.
Assinalando o notável percurso de modernidade na escultura, Barata Feyo foi distinguido com o Prémio Nacional de Artes (1960) e agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1933)
Observações / informações complementares
O escritor frequentou o Jardim das Amoreiras, ao longo da vida. O monumento fica junto à Fundação Arpad Szenes/Vieira da Silva e insere-se no conjunto urbano histórico formado pelo jardim, antigo bairro industrial pombalino, Capela de Nossa Senhora de Montserrat e Aqueduto da Águas Livres com a respetiva mãe de água. No contexto do Jardim inscreve-se mais 2 monumentos escultóricos (busto do Doutor João dos Santos e Ouranos II).
Existe um Prémio Literário Adolfo Simões Muller, atribuído pela Câmara Municipal de Sintra.
Em S. Paulo, Brasil, existe uma pequena rua com o nome de Adolfo Simões Muller (Via Pedestre Adolfo Simões Muller, uma transversal à Rua Abel Tavares, no Bairro Ermelino Matarazzo)
Existe um Centro Cultural Adolfo Simões Muller no Alvito (distrito de Beja)
A vida e obra de Adolfo Simões Muller têm sido abordadas em trabalhos de Licenciatura e em dissertações de Mestrado.