Ouranos II

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Voz

Simão Morgado

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Localização

Jardim das Amoreiras / Jardim Marcelino Mesquita (próximo da Fundação Árpád Szenes-Vieira da Silva) 

Tipologia

Alegoria Moderna / representação simbólica e esquemática 

Inauguração

18 de abril de 2001, assinalando a exposição de obras do Escultor realizada pela Fundação Árpád Szenes – Vieira da Silva, no âmbito do Ciclo Amigos de Arpad e Vieira. 

Encomenda

Doação de Luce Hadju (viúva do autor) à Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva que promoveu a instalação da obra pela Câmara Municipal de Lisboa 

Caraterização e descrição

Intitulada Ouranos II, esta obra foi realizada nos anos 50 e apresentada no Museu de Arte Moderna de Paris em 1957.

Manteve-se na coleção de obras do escultor e, só depois da sua morte, a sua viúva a doou o uma instituição portuguesa, assinalando a amizade com o casal de artistas Arpad Szenes/ Vieirac da Silva. 

Representa uma figura alada (um pássaro) executado em bronze.

O título evoca uma figura da mitologia grega (Ouranos) que personificava o céu e o espírito criador e paira sobre a terra.

Foi representado ao longo dos séculos, muitas vezes através de uma figura de homem com asas.

Na Escultura Moderna, esta é uma representação excecional e única.

Meio homem, meio pássaro, é uma obra de referência a nível internacional. 

A peça, executada em metal, está instalada sobre um plinto de pedra no qual está colocada uma placa com a inscrição referente à autoria e aos doadores.

A escala da obra é mais intimista do que monumental, mas a instalação dá-lhe escala e o enquadramento no espaço ajardinado coberto por árvores frondosas cria um ambiente de mediação entre a arte e a natureza, entre o céu e a terra. 

Tema / Homenageado

Ouranos, figura da mitologia grega que significava o Deus dos Ceus, aqui representado com forma de figura alada (esquematização de ave ou homem-pássaro), executada em bronze, sobre plinto de pedra.

Embora o tema se inspire na tradição clássica, a obra é assumidamente moderna. 

Autor

Etienne Hadju (Turda, Roménia 1907- Bagneux, França 1996). 

Romeno de origem húngara, Istvan Hadju nasceu em 1907 em Torda, na região da Transilvânia que, na época, fazia parte do Império Austro-Húngaro e atualmente se integra na Roménia.

Originário de uma família de judeus, começou por estudar na Escola Industrial de Ujpest na Hungria e na Escola de Artes Aplicadas da Universidade de Viena na Áustria. 

Em 1927, foi para Paris, onde reforçou a formação artística, primeiro na Academia da Grande Chaumière no bairro de Montparnasse, onde foi aluno de escultor Antoine Bourdelle e depois na Escola de Artes Decorativas.

Aqui conviveu com diversos artistas, entre os quais a pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, de quem se tornou amigo.

Naturalizou-se francês e, nos anos 30, fez parte do grupo Les Amis du Monde, a que também pertenceram Vieira da Silva e o seu marido, o pintor Árpád Szenes, que, tal como Hadju, era um judeu nascido na Hungria. 

Nos anos 40 do século XX, integrou-se no grupo de escritores e artistas judeus que fizeram parte da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial. 

Destacou-se no campo da Escultura e da Gravura.

A sua obra insere-se no contexto da modernidade, revelando a influenciada dos cubistas, nomeadamente dos franceses Henri Laurens e Fernand Leger, do romeno Brancusi e do russo Archipenko. Interessou-se pelo Surrealismo, que se reflete na dimensão onírica e simbólica de muitas das suas obras.

Reduziu a figuração aos elementos mínimos e explorou a abstração. Realizou exposições em galerias e museus de vários países do mundo, incluindo Portugal (Fundação C. Gulbenkian, 1971). Tem obras em grandes museus, com destaque para o Museu de Arte Moderna e o Museu Guggenheim em Nova Iorque, o Museu Nacional de Arte Moderna de Paris e a Pinacoteca Nacional de Atenas. 

Observações / informações complementares

É de enfatizar a já referida relação com a pintora portuguesa Maria Helena da Silva. 

Esta escultura tem proximidade com outras, de diferentes autores e cronologias, que estão localizadas no mesmo Jardim, onde é possível fazer um percurso de escultura, por temas, autores e tendências estéticas.

Neste conjunto de obras, representa a Modernidade e a autoria de um criador com grande representatividade internacional. 

Informação do Centro Nacional da Cultura